Saturday, February 11, 2006

Coco pelado? Perguntou a moça. Pelo espelho via que ela quase nao via... Olhava para outro canto para cortar meu cabelo. Nao tinha certeza se eu tinha certeza do que estava pedindo. Enfim. Agora esta tudo mais leve. Menos cabelo. Cairam todos. Rito de passagem, talvez. Sempre necessario. Como exuvia. Para crescer. Outro nivel talvez. Nao ha muitas regras. Apenas faça-o. Quando e se necessario. Mesmo que nao se saiba, ao certo. Mas esta mais leve. Sinto mais frio, claro. Mas faz parte do processo. Comprei uma rede hoje. E mosquiteiro tambem. Traumatizei um pouco com a noite passada. Dormi em rede, enrolado em cobertas. Os mosquitos nao deram sossego. Mas o mosquiteiro ha de me proteger. Assim como o bracelete (Peonia) que comprei dos indios Pemon para uma colega. Serve para proteger. Qualquer feitiço ou mau pensamento ira romper a pulseira. Deixando quem a usa protegida. Muitas crenças. Enfim, eh como o mundo funciona. Baseado em crenças. Acredito que esta viagem tenha um fim. Fim de finalidade. Que seja um grande começo, entao. Parto amanha para o Roraima. No fundo no fundo eu ja sabia. Que teria de faze-lo sozinho. Alivio, talvez. O dia do retorno se aproxima. Apesar de nao ser bem um retorno. Chegada, seria melhor. Ha muito mais coisa rolando pelo mundo do que podemos imaginar. Ontem passei boa parte do dia no aeroporto de Canaima. Impressiona o movimento, no meio do nada. Irao construir ate um aeroporto internacional ali. Hoteis com diarias de 500.000 bolivares. Enquanto a gasolina custa 0,07 bolivar. Cerca de 7 centavos de real... o litro! Mais barato que agua, literalmente. Tentarei seguir meu caminho por aqui. Gostaria de pegar a lua cheia. No topo do Roraima. Nao sei. Quero conhecer a triplice divisa tambem. Apesar de sozinho. Desta vez. Tenho mais dois filmes apenas. Um colorido, e outro p&b. Meus cromos acabaram. Nao sei se consigo comprar mais por aqui. Nao ha lojas de filmes! O mundo se digitalizou. As cores se tornaram binarias. 0 e 1. Sequencias de zeros e uns. Prefiro os pigmentos. Sensibiliza melhor o olhar. Alias, uma das coisas que mais tenho tara. O olhar, segundo minha amiga. Nao tenho culpa se gosto de transparencia. Nitidez. Exatidao. Sigo olhando. Alias, faz umas tres noites ja que acordo dando gargalhadas. Muito engraçados os sonhos meus. Nao me lembro, claro, mas sigo sorrindo tambem. Agora de noite comi um espeto com salada. Sentei num banco, as margens do Orinoco. Momentos. A vida e feita de momentos como estes. Nas margens do Orinoco. Do Sao Francisco. Do Nilo. Do Amazonas. Passam-se as aguas. Mas as lembranças permanecem. Conservadas in vitro. Transparentes. Enfim. Arrumarei a mochila. O dia sera longo amanha.

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